quinta-feira, 17 de julho de 2014

Para ter a vida de rico você precisa empreender

George Milford Haven, primo da rainha da Inglaterra, chegou ao primeiro milhão de libras aos 25 anos e traz ao Brasil site comparador de serviços financeiros

George Milford Haven, de 52 anos, quarto Marquês de Milford Haven, no País de Gales, e primo da Rainha Elizabeth, do Reino Unido. Com tanto título e parentesco, não é fácil imaginar que este nobre cresceu por conta própria, conquistou o primeiro milhão aos 25 anos com um negócio imobiliário, perdeu tudo, voltou a empreender e abraçou o inovador mercado de startups.
Haven lança no Brasil o MoneyGuru, site que promete ser uma espécie de hub, comparador de preços de serviços financeiros. A meta é ultrapassar o primeiro milhão de usuários já nos 12 meses iniciais de operação e o aporte veio do próprio bolso de Haven. Ele estima aportar na empresa, cuja sede está localizada em Moema, bairro da zona sul de São Paulo (SP) cerca de 13 milhões de libras – dos quais 3 milhões já foram investidos.
Lienio Medeiros/Divulgação
George Milford Haven, primo da rainha Elizabeth II
Com o característico bom humor britânico, Haven contou ao iG como começou a empreender, como chegou ao primeiro milhão e o como vê o mercado nacional. Vizinho do excêntrico - e também britânico -Richard Branson, diretor-presidente da Virgin, ele acredita que todo empreendedor erra muito até traçar a rota de sucesso
Como você começou a empreender?
George Milford Haven: Eu sempre fui um empreendedor serial. Quando era mais jovem, eu trabalhei em um banco e percebi rapidamente que para ficar rico você precisa trabalhar em um negócio que cresça muito ou você monta seu próprio negócio. A qualidade de vida melhora muito quando você é um empresário. Claro que há muito estresse envolvido, mas depois disso, você não tem alguém te ligando na manhã da segunda-feira nem fica limitado a trabalhar até um certo horário. A liberdade que você tem ao ser um empresário é fantástica. Então resolvi tocar meus próprios negócios, uns deram certo, outros não. Provavelmente eu só comecei a funcionar mesmo depois dos 30 anos.
E sobre as empresas que não deram certo?
George Milford Haven: Puxa, a lista é longa. Se você falar com qualquer empresário de sucesso vai ver diversos fracassos para entender por onde o negócio dá certo e por onde ele não funciona. É muito muito raro começar um negócio, perceber que ele é o melhor negócio da sua vida e não falhar algumas vezes. Já tive empresas imobiliárias que não funcionaram muito bem, empresas de aviação que não andaram direito, já tive empresa de limpeza que não caminhou como esperado. A lista segue. Mas já tive também boas vitórias, também na internet. Fiz meu primeiro milhão quando tinha 25 anos, adquiri uma opção de compra de um terreno ao lado de uma cidade. Eu disse: Olha queria comprar esses seus quatro acres. Ele me respondeu que custaria 40 mil libras, então eu comprei uma opção não revogável por 4 mil libras. Ele assinou, eu peguei um financiamento e preparei o terreno. Assim que terminei, paguei suas 40 mil libras e vendi o espaço por 1,2 milhão de libras.
E até os 30 anos?
George Milford Haven: Eu achei que seria fácil, tive uma boa vida. Acabei com esse dinheiro em dois anos e levei um longo tempo para voltar. Percebi que estava fazendo a coisa errada quando o dinheiro acabou. Eu repentinamente percebi que os negócios não são tão fáceis assim. Espero que os mais jovens hoje não precisem passar pelo que eu passei.
O que você pensa do mercado de startups no Brasil?
George Milford Haven: No meu ponto de vista, estamos no momento certo do Brasil. Estou mandando dinheiro da Europa para o Brasil custando 40% menos que no ano passado. Do ponto de vista do investidor, se você for corajoso, este é o momento, porque o País está 40% mais barato. Se o real se valorizar mais 40% em três anos seria um sonho.
Como você faria a comparação entre o Vale do Silício, o cenário de startups no Reino Unido e no Brasil?
George Milford Haven: As melhores ideias tendem a ser incubadas no Vale do Silício e correm pelo mundo. Curiosamente, os comparadores de preço do Reino Unido lideram o mundo todo. Lideram por que o mercado norte-americano é muito fragmentado. Você não tem a mesma operadora de cartão de crédito ou seguro de carro em Boston, você não terá o mesmo se viver no Texas. Cada estado não tem tanta gente, então você não consegue escala. Exceto por viagens, comparadores de preços não decolam nos Estados Unidos. Além dos Estados Unidos e do Reino Unido, temos a Europa e depois o Brasil.
Estou falando sobre a capacidade de adoção de mecanismos facilitadores, o Brasil certamente está em quarto lugar no mundo, mas pode rapidamente mudar essa posição. Temos muitas oportunidades e necessidades aqui, muita gente comprando o primeiro carro, usando cartões de crédito, contas bancárias, cartões pré-pagos ou seguros de carros. Há uma imensa classe emergente precisando de um facilitador como nós para pegá-los pela mão.
Ter o sangue da família real britânica o ajudou em alguma coisa?
George Milford Haven: Eu sou primo da rainha, não parte da família real. Sou um parente deles e isso não fez muita diferença até hoje, especialmente aqui, porque eu não ando por aí com uma grande bandeira dizendo "sou britânico". E eu agradeço muito por esse anonimato, por sinal. No Reino Unido isso também já não faz muita diferença.
 Fonte: IG

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